quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A Soberania de Deus na redenção de seu povo

Este sermão foi transcrito e postado neste blog com a devida autorização. Podendo ser reproduzido e divulgado de maneira gratuita por qualquer pessoa, desde que sua fonte seja anunciada.
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1.12,13).

Há um número reduzido de crentes esta noite. Ainda assim nós vamos adorar o nosso Deus pregando e ouvindo a sua Palavra. Para isso convido a igreja de Deus a abrir o livro sagrado no evangelho de João, capítulo um e versículos 12 e 13. Gostaria de falar-lhes esta noite sobre as grandes verdades que permeiam esse texto. Para nosso melhor entendimento, vamos voltar mais um pouco e lê a partir dos versos 10. Antes da leitura, peço a todos os presentes que fiquem concentrados e se esforcem para entender a grande maravilha da graça que lhes falarei esta noite. Aos crentes, peço que orem para que Deus esclareça em vossas mentes e corações este texto, de modo que todos vocês possam ficar jubilosos com o que irão ouvir.

A Bíblia diz:

“O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.

Oração
Louvado seja nosso soberano Deus! Hó! Deus, exaltado seja teu Santo Nome, glorificado seja o Senhor para todo sempre. Tua Palavra foi lido, ó Deus, e agora nós esperamos receber do Senhor a instrução e a verdade que se encontra nesse texto sagrado. Que o teu Espírito adentre os nossos corações e nos faça compreender estas verdades, que ele possa nos alegrar e nos fazer regozijar pelas maravilhas que lemos esta noite; para glória do teu Nome e o gozo da tua igreja. Nós te agradecemos em nome do Teu filho Jesus. Amém.

Deveríamos ter completado este texto no domingo passado, mas nos concentramos mais nos versos dez e onze. Falamos no domingo anterior sobre a maldade que há no coração do homem natural e a cegueira que se encontra o homem sem Deus. Vimos, prezados irmãos, como nos apresenta o evangelista João, que o Senhor Jesus foi rejeitado pelo seu próprio povo, pela sua própria casa. Apesar das bênçãos que Israel já havia recebido ao longo de toda a sua história, o próprio Deus foi rejeitado por eles quando veio ao mundo, quando assumiu a forma de homem e veio habitar na sociedade humana, no meio de um povo pecador. Por isso, amigos, é bem obvio e bem claro o texto, e essa verdade está muito explicita em toda a escritura, que o homem é mal por natureza. O coração do homem não quer as coisas de Deus. O homem está cego para as coisas de Deus, é isso que diz os versos 10 e 11 deste texto. Mas esta noite nós vamos olhar para os versos 12 e 13. Vamos poder nos alegrar nesta maravilhosa porção da Palavra do Senhor. Veremos que nada está perdido para o seu amado povo. Deus é um grande cumpridor de suas santas promessas. Sim, é verdade que todos nós somos pecadores. Você precisa reconhecer que és um grande pecador e que certamente merece que toda condenação seja derramada sobre tua vida. Mas, nunca esqueça, pecador, Deus é gracioso, eternamente gracioso, pois está escrito em sua fiel Palavra “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Esta é uma afirmação muito graciosa para nós.

Esta noite abordaremos, baseado neste texto, as grandes verdades sobre a maravilhosa salvação do povo de Deus baseada exclusivamente na graça soberana do nosso Senhor. O tema é A SOBERANIA DE DEUS NA REDENÇÃO DO SEU POVO. Gravem essas palavras que acabo de proferir e pensem nelas durante todo este sermão.

Graças a Deus, queridos irmãos, que este texto tem início com uma conjunção adversativa: “mas...”. O texto que antecede esta pequena palavra vem apresentando a cegueira e a maldade que está presente ativamente no coração do homem; da rejeição do homem pelo seu criador, da insanidade humana e sua completa depravação. Cegueira tão grande que levou o salvador para ser humilhado e morto na cruz do calvário. Ele foi exposto como o pior dos homens e colocado entre dois assassinos. Não se compadeças, pecador, tu terias feito o mesmo com o nosso Senhor, ou até pior.

A depravação tão gigantesca que o seu próprio povo preferiu um assassino do que o Filho de Deus. “mas”, diz a primeira palavra do verso doze, “mas”. A história do pecado humano não termina aí. Nós estamos vivendo há muito tempo, há mais de três gerações, uma era diferente na história da igreja. Um tempo mal, onde as grandes verdades do evangelho estão sendo esquecidas. Vocês sabem disso; eu tenho alertado a todos vocês sobre isso há bastante tempo. As colunas que sustentam o evangelho têm sido atacadas; as doutrinas clássicas da Bíblia têm sido solapadas por homens maus. Doutrinas como a soberania de Deus estão sob intenso ataque, em nossos dias e vem sendo negada pelos homens – por pastores e pela igreja de modo geral. Tempo onde as doutrinas da maravilhosa graça de Deus vem sendo esquecidas pelo seu povo. Combatidas, até, pela igreja! Há, meus ouvintes, parece que nós é que somos o Israel que negou a Cristo no passado. Parece que a igreja, que insiste em não receber o seu Senhor em toda a sua grandeza, se iguala ao Israel de dois mil anos atrás. Crentes que não crêem na Sua Palavra; que não aceitam sua soberania. Não sabes tu a desgraça que estás trazendo para ti, com tais pensamentos!

Há cerca de 120 anos atrás, o pastor batista Charles Spurgeon, quando estava preste a abandonar a União Batista, por causa da complacência doutrinária que aquele grupo estava disposto a suportar, escreveu sobre o declínio da igreja. Ele disse que “no ‘declínio’, o trem viaja muito rapidamente: uma outra estação já ficou para trás. O que vem depois? E depois?”. Spurgeon estava referindo-se as doutrinas da graça soberana de Deus. Ele alertava que a igreja na Inglaterra já passara da estação da graça de Deus, essa doutrina já havia ficado para trás; “o que vem depois? E depois?” perguntava ele. É bem verdade amigos, que hoje, muito tempo depois destas palavras ditas por Spurgeon, muitas estações já ficaram para trás. E a igreja está mais distante ainda das verdades do evangelho, inclusive, da doutrina da soberania de Deus. Nós estamos vivendo tempos contrários, onde o homem é que tem o poder; o pecador é quem detem o poder da decisão nas suas mãos. Estamos vivendo em dias onde a última palavra é a do homem e não a de Deus. Esta é a fé que vem sendo pregada na igreja, na igreja que está corrompida. Muitos pastores tem afirmado que “o homem tem total controle do seu destino eterno” e “tudo depende do homem”. Que coisa!? O homem ter controle de sua vida! Que loucura! Esta é a marca do pecado, é a cegueira do pecado. Cegueira que nós pudemos observar em Israel, quando negou o Senhor da glória e também podemos observar em nossa presente geração.

Perceba irmãos, que quando se abandona essas verdades tão maravilhosas, o homem, assim como Satanás, passa a querer ser como o próprio Deus Todo-Poderoso. Ele considera-se Senhor do seu destino; pretende comandar o destino; ter o controle da situação; acha que tem a palavra final. Mas não é isso que a Sagrada Escritura nos informa.

Aqui, nesta passagem que João escreveu, nós vemos sobre a soberania de Deus sobre o seu povo, na redenção. Todo Israel parecia ter abandonado ao Senhor, recusado a Jesus. “Mas”, diz o verso doze, “todos quantos o receberam”, Deus, “deu-lhes”. Veja a graça de Deus estampada como letreiros iluminados na escura noite. A maioria das traduções em português traz a palavra “poder”, mas a melhor tradução é “direito”. Foi isso que foi adquirido por Cristo para os homens, o “direito de serem feitos filhos de Deus”. Há, meus amados irmãos, nunca esqueçam que Deus é Soberano. Nunca esqueçam que Ele é o Senhor de vivos e mortos! Nunca esqueçam que tudo está patente aos seus olhos! Nunca esqueçam o sentido da palavra “Soberano”, principalmente quando esta palavra se aplica a Deus! Ser Soberano é ter o direito total sobre tudo e todos! Ser soberano é ter o Direito sobre toda a sua criação; direito de fazer o que quiser, quando quiser, com quem ele quiser. É não estar sujeito a dar explicações dos seus atos, é poder dizer “terei misericórdia de quem eu quiser ter misericordia” e “tem Ele misericórdia de quem quer e endurece a quem quer”.

A nossa redenção, queridos irmãos, não está alicerçada em nós, nem nas nossas obras. A nossa salvação, a princípio, não depende de nossa própria vontade, pois se ela nos fosse entregue, certamente nossas inclinações carnais nos empediriam de desejá-la. A redenção não depende do homem, nem mesmo a mínima parte. Pois o Rei Eterno disse que “não depende de quem quer e nem de quem corre, mas de Deus exercer a sua misericórdia”. Nada fizemos para sermos salvos. Não houve participação humana, não houve trabalho em conjunto, como se cada qual tivesse que fazer uma parte da obra da redenção. Se você acha que fez alguma coisa, que tem alguma participação, certamente seu coração orgulhoso acha que possui algum mérito. Não, pecador, você não merece nenhuma honra! Toda a obra da redenção foi realizada por Jesus Cristo!

Nós podemos observar duas verdades neste texto que João escreveu. Vejamos quais são:

A SOBERANIA DE DEUS QUANTO A ELEIÇÃO.
Existe uma escolha que precede todos os tempos e eras. E esta doutrina Bíblica é infinitamente confortante para os filhos de Deus que amam a sua Palavra. Essa é uma verdade muito esplendida! Saber, meus irmãos, que Deus, antes mesmo de criar qualquer coisa, antes mesmo dos seis dias da criação, Ele já havia olhado pra você e para mim, para a sua igreja como um todo, e olhou para cada vida individualmente, e nos amou imensamente, e nos escolheu para a salvação. Deus elegeu para salvação. Na carta que Paulo escreveu aos Efésios, no capítulo um, versos 4 e 5, está escrito que “assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade”. Jamais devemos esquecer esta passagem! “Antes da fundação do mundo”! Veja isso. Deus nos escolheu antes que universo inteiro fosse criado, “para sermos santos e irrepreensíveis”. Que fim maravilhoso o Senhor determinou para nós!

“Nos escolheu”, aqui está a Eleição! Aqui está a Soberania de Deus na escolha de pessoas para a salvação, para todos a contemplarem. Quem pode negar esta Escritura? Atreve-se, pecador? Tens coragem de chamar Deus de mentiroso? Talvez muitos dos crentes de nossos dias prefiram fazer como o falecido padre Aníbal, que, quando encontrava uma passagem da escritura sagrada que condenava a prática idólatra, rasgava as páginas da mesma. Sua luta era em vão, dizia ele, depois de convertido ao evangelho, “sempre que comprava uma nova Bíblia, ali estavam as mesmas palavras escritas pelo profeta Isaías”. A escritura não muda, meu dileto irmão. Ninguém pode fugir da verdade que se encontra em suas páginas. Esta eleição foi “segundo o beneplácito de sua vontade”. Aqui está a Soberania de Deus! Sua vontade, seu beneplácito. Igreja do Senhor, quando nós compreendemos perfeitamente essas palavras da Escritura, Quando entendermos a realidade e a profundidade destas coisas, nós vamos adorar ao Senhor com muito mais ardor e força. Nós vamos declarar incansalvelmente: "Santo, Santo, Santo"! Ele nos escolheu; decidiu nos amar, nos salvar eternamente. Há, meu amigo pecador, meu irmão, você já estava na mente de Deus desde os tempos eternos, antes da existência de qualquer das coisas que poder ver ou imaginar. Isto porque Ele é Soberano: “Segundo o beneplácito da sua vontade”. Segundo o seu querer, Ele nos escolheu.

Israel parecia está totalmente decidido em desprezar completamente o Galileu. O verso onze diz que Jesus “veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam”. Israel parecia que tinha virado as costa para o Messias de Deus. O povo das promessas e da aliança da graça parecia está contradizendo a Escritura. A rejeição era visível, todos podemos constatar a força desta passagem. Parecia que os planos de Deus seriam frustrados, parecia que todo o plano de Deus iria cair por terra porque o Messias Jesus estava sendo rejeitado. Ninguém queria saber dele. Veio para seu próprio povo, os judeus, mas eles não o receberam. “Mas”!. É certo que houve uma eleição na eternidade. Houve uma eleição para salvar pecadores, e isso para a inteira glória de Deus. Eleição para salvar a sua alma do inferno! E havia um povo, sim, dentre os Israelitas, que foram alcançados, guardados por essa eterna eleição. Homens que não negaram o Messias; que receberam a Jesus como o Filho de Deus; e a narrativa do evangelho está cheia destes exemplos. Olhe para Pedro, apóstolo de Jesus: um Israelita! Olhe para Paulo, “hebreus dos hebreus”: um Israelita! Olhe para João, autor deste evangelho, ele também era israelita! homens e mulheres que foram até Cristo e se renderam aos seus pés. Almas que confessaram a Jesus como o Senhor de suas vidas. Israelitas eleitos de Deus; que estavam na mente de Deus antes da fundação do mundo.

Irmãos, Não podemos rejeitar a verdade de Deus quanto a eleição. Quanto a escolha soberana de Deus de pecadores para a salvação. É bem verdade que a eleição não abrangeu apenas a nação de Israel. Todos os povos contam com aqueles que foram escolhidos. Deus elegeu gentios, homens de outra nacionalidade, para receberem gratuitamente a herança dos santos. Olhe para Rute, para Raabe, a prostituta cananéia, olhe pra você! Se você me perguntar: Quem são estes eleitos? Eu digo: São “todos quantos o receberam”! Veja, João deixa claro que a eleição, a salvação, não era somente para Israel; que não era a etnia judaica que seria salva. De fato, era assim que os fariseus pensavam; eles, cheios de presunção, diziam: “nós somos filhos de Abraão”. Achavam que a salvação era ‘somente’ para Israel. Mas não era como eles imaginavam. Deus escolheu dentre todos os povos, pois a Escritura diz que estes eleitos “entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9).

“todos quantos”, diz João, não só para Israel. Não a lugar para esforço humano na doutrina da eleição. Deus não te escolheu porque viu algo bom em você; na verdade, Deus só viu miséria em sua vida. O que Deus viu em você, irmão, é aquilo que estava transbordando sobre sua cabeça, ele viu um rio de pecado, um lamaçal de podridão em sua vida. Ele viu a sua desgraça, sua podridão espiritual e sua ruína. Deus não viu nada de bom em nenhum daqueles milhares de milhares que ele determinou escolher para salvação. Somente pecado, pecado, pecado. Não havia nada que levasse Deus a escolher você. Nada em você o atraia, nada em você era simpático para com o Senhor. Saiba amigo, que tu és um transgressor. E que não há nada pelo qual você possa se gloriar em sua eleição, se de fato tu és um daqueles que Deus escolheu. Se tu te glorias de alguma coisa, certamente a eleição não te alcançou! Estás perdido em teus pecados! Se achas que tem méritos, é porque tu estás morto em pecado! A eleição é soberana, meus irmãos, é pelo Beneplácito da vontade de Deus e nada mais. A eleição é sinônimo de graça pura sobre nossas almas. Se você é cristão, deve se prostrar e glorificar ao Senhor, que olhou para você na eternidade e decidiu te salvar. Aqueles que foram eleitos receberão a Cristo, nada os poderá impedir. Nada poderá fazer com que os eleitos parem no meio do caminho para a salvação; não haverá obstáculos que possam impedir os eleitos de virem a Jesus Cristo. Nada neste mundo pode impedir os eleitos de serem salvos. Essa é a grandeza desta doutrina, irmãos, nada lhes poderá impedir de verem o Senhor em sua glória naquele dia. Ora, Paulo, tinha uma grande consciência desta verdade soberana, ele pregava para que os eleitos de Deus pudessem se manifestar. Escrevendo a Tito, ele disse: “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos” (Tt 1.1,2). Ele sabia que Deus havia escolhido pessoas para salvação; que a fé destes homens era um dom gracioso de Deus; que tais homens seriam levados a salvação pela pregação da Palavra de Deus. Certamente que ninguém mais que aqueles que foram eleitos por Deus podem crer na Palavra. “Para promover a fé que é dos eleitos de Deus”, para que a fé dos eleitos se manifeste, por isso, somente eles e ninguém mais. Nós pregamos nas ruas de Campo Maior, nas praças, nas casas, em todo lugar; na esperança de que os eleitos de Deus venham a Cristo. Pois, pela pregação do evangelho, eles se manifestarão e responderão ao chamado do mestre.

Louve a Deus, querido irmão, pela sua eleição; por esta graça incrível que te cobriu e venceu a tua resistência e o teu esforço contra o evangelho. Glorifique a Deus por esta graça que não é suportada na maioria das igrejas. Que não é recebida e nem aceita por muitos; que é chamada de ‘antibíblica’, de heresia; de algo imoral e repugnante. Estes são os tempos do homem. O trem que Spurgeon falava já passou por várias estações, mas a Bíblia continua falando, seu testemunho permanece fiel, “mas, todos quantos lhe receberam, deu-lhes o direito de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome”. Queres saber realmente se tu és um dos eleitos, meu amigo? Responda sinceramente a minha pergunta: Você crê verdadeiramente em Cristo? Amas a Cristo de todo coração? Estás disposto a abandonar tudo por amor a ele? Se necessário for, estás pronto a morrer por ele? Se tua resposta for positiva, alegra-te meu irmão, tu és um deles! Pode adorar a Cristo, pois o sangue dele foi derramado por ti. É exatamente isto que João está respondendo. Quando alguém perguntar: “sabe quem são os eleitos de Deus?” O evangelho de João responde: “São aqueles que crêem no seu nome, [o nome de Jesus]”. Aquele homem que foi eleito vai receber a Jesus Cristo e vai confiar no que ele diz ser. Vai confiar nos seus méritos conquistados na cruz e vai descansar Nele. Vai estar nos braços dele e reconhecê-lo como o Senhor Todo-Poderoso. Esta é a fé e a confiança dos eleitos, meus amigos e irmãos. A nossa eleição e salvação é um reflexo da Soberania de Deus. A nossa redenção depende exclusivamente de Deus, desde a eternidade, está arraigada em Deus.

Em segundo lugar, João nos leva a entender que aquele que foi eleito soberanamente por Deus, deve passar por um novo nascimento, e aí constatamos:

A SOBERANIA DE DEUS QUANTO AO NOVO NASCIMENTO.
O Verso 13 vai deixar esta verdade mais clara do que nunca para nós. Primeiro, nos é dito que esta pessoa precisa nascer de novo.
Os eleitos, diz o verso 13, não “nasceram do sangue”. João menciona a necessidade e a realidade de um novo nascimento. Um nascimento espiritual; nascimento de uma nova criatura em Cristo. Meu dileto amigo, a eleição exige um novo nascimento! E todos nós sabemos que nenhum homem pode escolher nascer. Vamos falar da esfera terrestre, das coisas deste mundo, que são infinitamente inferiores às espirituais: Qual de vocês pediu para nascer? Qual de vocês pôde escolher os seus pais? Quem foi que escolheu nascer no lugar onde nasceu? No País, no Estado ou na cidade onde nasceu? Quem pôde escolher nascer em um berço de palha ou de ouro? Qual de vocês teve participação na decisão de sua aparência física? Ora meus irmãos, se nem mesmo nas coisas deste mundo nós temos o poder de decidir, imaginem nas coisas celestiais, imaginem nas coisas eternas, que tratam de nossa eterna eleição e salvação!

O novo nascimento é em si mesmo um outro nascimento. Requer que sejamos recriados novamente. Se o primeiro nascimento não dependeu de você, muito menos este segundo e perfeito nascimento espiritual. Este novo nascimento não é carnal, pois os eleitos “não nasceram do sangue”. A palavra sangue no texto original grego está no plural, ‘sangues’, e creio que apresente a idéia da união do pai e da mãe desta pessoa. Provavelmente esta seja uma referencia a mistura do sangue do homem e da mulher, misturas que todos nós carregamos. Há em cada um de nós traços de nossos pais, mas quanto ao novo nascimento, este nada tem a ver com nossos pais biológicos. Folhos de pais crentes não estão salvos a menos que abracem o evangelho com todas as suas forças. João está dizendo que este novo nascimento não dependeu de seu pai e nem de sua mãe. Na verdade, o que nós recebemos de nossos pais foi a semente da corrupção e do pecado. Foi a maldita natureza pecaminosa que se impõe contra nós e nos arrasta para longe de Cristo. Talvez, aqueles judeus que se apoiavam na idéia de serem descendência de Abraão, legítimos israelitas, agora compreendessem que não podiam ter como desculpa para a sua negligencia a sua condição étnica.

Este nascimento não dependeu do pai e nem da mãe. Também “não nasceram da vontade da carne”, ou seja, os impulsos e desejos sexuais e carnais não foram responsáveis pelo nascimento espiritual dos eleitos. Na realidade, em muitos casos tais impulsos sexuais são originados de desejos pecaminosos alimentados pelo coração humano. Não, o novo nascimento em nada depende dos desejos sexuais. Depende do desejo santo de Deus, em trazer o pecador a vivida; em ressuscitá-lo dos mortos, visto que todos os homens estão “por natureza mortos em seus delitos e pecados”. João nega a participação humana em suas afirmações negativas, “não é do sangue” e “não é da vontade da carne”, qualquer espécie de obra humana é destruída, como foram as muralhas de Jericó. Não se gabe amigo, visto que tais coisas não estão ao seu alcance.

Reconheça amigo pecador, o novo nascimento é obra exclusiva do poder de Deus! Nada foi feito pelo homem, nada dependeu do homem, e sim, de Deus. “mas, de Deus”. De Deus, apenas. Observe com atenção: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Que coisa maravilhosa: “mas, de Deus!” É obra de Deus, da soberania de Deus! A nossa salvação vem completamente Dele! Que golpe mortal foi proferido agora contra aqueles que combatem esta doutrina santa! Estas palavras deveriam nos lançar no pó e na cinza; deveriam nos fazer chorar, nos dar um senso profundo de humilhação. Hó, irmãos, sintam estas palavras poderosas penetrarem em sua alma, lavarem sua mente, purificarem seu entendimento. Há, irmãos, se você está sentindo isso, você está agora na dependência de Deus. Sentindo-se incapaz e humilhado, e este é o sentimento que deve transbordar, é este sentimento que vai nos fazer olhar para Jesus e buscá-lo.

Talvez você até pensasse que a sua nova vida dependeu alguma coisa de você. E você dizia: “na noite em que conheci a Cristo, eu fui convidado pelo pastor a ir até a frente e declarar publicamente a minha fé em Jesus. Pensei bem e decidi receber a Cristo”. Você diz: “fui convidado a amá-lo e então decidi que iria amá-lo para sempre”. Pois o evangelho te diz: “nós o amamos porque Ele nos amou primeiro”. Você o amou, sim, mas somente porque Ele te amou primeiro, antes da fundação do mundo! Quem mudou a sua mente e seu coração foi Cristo! Quantas vezes, meu irmão, tu recusastes obedecê-lo? Quantas vezes você o recusou, quando Ele era apresentado a você, para dar-te a salvação? Quantas vezes você disse não? Até que Ele tirou as escamas dos teus olhos, até que Ele colocou no teu peito um coração novo, até o dia em que ele te “chamou com santa vocação”. Neste dia, pecador, não conseguiu resistir ao seu chamado, pois o teu nome estava escrito “no livro da Vida do Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo!” Você já estava lá! Não é seu o mérito da eleição e nem tão pouco do novo nascimento.

Mas a realidade hoje é que muitas igrejas já desprezaram essa verdade. Muitos crentes já abandonaram essas doutrinas. Que loucura se apoderou do homem! Devemos questionar se tais homens são verdadeiramente salvos pelo Cordeiro; pois tais homens não aceitam a verdade, antes, a repudiam. Eles chamam Deus de mentiroso, injusto; tais homens lutam contra o Senhor. Mas a Eterna revelação nos mostra que com Deus não se discute, pois “quem és tu, ó homem, para discutir com Deus?”, quem pode colocar o Senhor de toda a eternidade contra a parede e questionar as suas decisões? Somente um louco! Nunca, jamais, poderíamos conceber que uns daqueles que nasceram de novo possam levantar tal questionamento contra o Soberano, contra o justo Juiz de toda terra. A redenção do homem está na soberania de Deus, que escolheu derramar a sua graça sobre alguns homens e separá-los para Ele mesmo.

Quando Spurgeon estava prestes a morrer, ele estava em uma grande luta contra o declínio espiritual da igreja. A igreja que ele pastoreava chegou a ter mais de dez mil membros. O Tabernáculo, nome de sua igreja, tinha uma capacidade para mais de oito mil pessoas. Nos dias de culto, uma multidão ficava do lado de fora, visto que a lotação já estava completa. Mas, nos seus últimos dias de vida, um homem escreveu a cerca dele: “O reverendo Spurgeon agora está sozinho. Todos os pastores o abandonaram. Ele agora está só na sua fé calvinista”. As pessoas queriam um evangelho menos rigoroso e mais ecumênico, exatamente como hoje nós vemos. Eles não zelavam pela doutrina, queriam uma unidade a qualquer custo, mesmo que isso implicasse em abrir mão de algumas verdades. Hoje, muitos estão dizendo: “vamos nos unir com as igrejas pentecostais, ou com os neopentecostais” e uma voz bem longe bradará: “e como ficam as verdades do evangelho?”, então eles dirão: “isso não é mais importante do que a nossa união”. Não existe essa união, meus irmãos. Se não falamos a mesma língua, se não temos o mesmo pensamento, não podemos estar unidos de verdade. Como você pode está unido com alguém que nega as grandes afirmações do evangelho? Como poderás tu dizer amém após a oração daquele que ensina o erro? Isto é falsidade e mentira. Falsa união, apenas de aparência. Temos que falar das mesmas coisas, termos um só pensamento, e se alguns negam as doutrinas da Bíblia, como poderemos está unidos com eles?

Os batistas guardavam bem esse princípio. Uma pessoa para ser recebido em uma igreja batista, se vier de outra igreja batista, deve ser pedido carta de transferência do mesmo, mas, se vem alguém de uma outra denominação evangélica, ele precisa se submeter ao batismo, mesmo que já tenha sido submetido a essa prática. As igrejas batistas não precisam de carta de transferência de outras denominações evangélicas.

Muitas são as denominações que colocam tudo nas mãos do homem, que, pelas suas crenças, afirmam que todo o plano de Deus depende do homem. “Deus veio salvar, mas se o homem disser: não quero! O seu plano eterno será frustrado”. Um evangelho antropocêntrico e maligno! Ninguém pode frustrar os planos de Deus! Aqueles que foram eleitos serão nascidos de novo. Essa é uma certeza absoluta, porque os seus nomes estão no livro da vida! Eles ouvirão a voz do supremo pastor, certamente que ouvirão, e passarão da morte para a vida! Este é o novo nascimento.

O pastor americano John Macarthur falando sobre a soberania de Deus na salvação, disse: “se alguém me pergunta: Pastor Macarthur, você pode me explicar o que é o calvinismo?” Ele responde: “o calvinismo é o sistema doutrinário que diz: Ao Senhor pertence a salvação!”. Este é o sistema doutrinário que encontramos na Bíblia!

Estas duas partes da redenção estão tão unidas como a nossa pele está unida ao nosso corpo. Tentar retirar qualquer destas duas verdades, a eleição ou o novo nascimento, é como tirar a pele de um ser humano. Permaneça, pois, como sentinelas da verdade de Deus! Não fuja da verdade, não se junte aos que a menosprezam e a difamam. Querido irmão, levante a sua cabeça e lute pela “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”.
Amém!

Este sermão pregado pelo irmão Marcus Paixão, na capela da Segunda Igreja Batista em Campo Maior, na noite do dia do Senhor, em 28 de setembro de 2008.

Um comentário: