terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Os cinco pontos do Calvinismo no Período Mosaico

João Calvino

Devemos nos lembrar do método reformado de interpretar o Velho Testamento através do Novo Testamento. Como mais um exemplo vejamos o texto de Gl 4:21-31.


QUAL A IMPORTÂNCIA DE MOISÉS NA HISTÓRIA DA REDENÇÃO? MOISÉS, UM TIPO DE CRISTO


Moisés deve ser considerado como cumprimento parcial do Pacto Abraâmico. Foi ele o instrumento para libertar Israel da escravidão e torná-lo numa nação. Foi ele quem trouxe Israel para as margens da terra prometida a Abraão. Moisés era um tipo de Cristo, por preencher os três ofícios do Messias. É sob Moisés que encontramos o sistema sacrificial e o sacerdócio, o que aponta para a obra do Messias. A ele também foram dadas as diretrizes para a construção do tabernáculo, que era um tipo de Cristo. Assim, Moisés era o início do cumprimento do pacto feito com Abraão, sendo ele mesmo, e mais um grande número de instituições sombras da Nova Aliança.


TEMA PREDOMINANTE DO PACTO SINAÍTICO: SOTERIOLOGIA


O lugar mais importante no qual devemos colocar Moisés é na história da redenção. O período mosaico é o período mais rico do Velho Testamento em matéria de revelação soteriológica. É neste período que devemos encontrar todo o entendimento embrionário da soteriologia da Nova Aliança. Assim como não entenderemos os conceitos de salvação e vida eterna se não entendermos a relação entre os dois Adão (I Co 15:20,45), ou seja, se não conhecermos o relato de Gênesis sobre o pacto adâmico, teremos dificuldades em entendermos bem a obra salvadora de Cristo. Da mesma forma, se não conhecermos a soteriologia embrionária do pacto sinaítico, também teremos muita dificuldade para entendermos temas como, eleição incondicional, expiação limitada, bem como todo o restante de temas soteriológicos da Nova Aliança, que em essência é a mesma coisa do Velho Testamento.


1. DEPRAVAÇÃO TOTAL


A depravação da raça humana pode ser visto no ambiente de Israel e na raça humana como um todo. Os egípcios que tentavam destruir Israel prova a mesma realidade da natureza de Caim em nível nacional. O texto fala da matança nacional dos infantes israelitas. Nunca devemos perder de vista que Faraó era um homem terrível de pecado e rebelião contra Deus. O endurecimento do seu coração foi um ato de juízo de Deus pela sua persistência em rebeldia contra Deus, o mesmo que pode ser dito dos egípcios. O povo de Israel também revelou claramente a depravação total. Podemos ver Israel murmurar contra Deus depois de dois meses de salvação do Egito, (Ex 16:2,3). Outro episódio importante é o pecado da idolatria em Israel (Ex 32), depois de 40 dias que receberam a Lei, já estavam agindo como pagãos. Arão e Moisés conheciam muito bem a depravação total de Israel. (Ex 32:21-22: Deut 9:24).
O capítulo 9 de Deuteronômio é a expressão máxima de como Deus opera sua salvação de maneira soberana por causa de sua promessa. Vejamos alguns elementos: depravação (Dt 9:6-7, 23-24); expiação limitada (Dt 9:21) eleição incondicional (Dt 9:27-29). Tentaram destruir os que convidavam o povo a crer (Nm 14:1-12). Moisés também não estava fora desta condição, (Nm 19:12).


2. ELEIÇÃO INCONDICIONAL


Deus escolheu Moisés dentre tantos outros, o preservou durante a matança dos infantes e providenciou soberanamente tudo o que era necessário para sua missão. Embora, isto não seja eleição para a salvação, demonstra a doutrina da eleição soberana.
A escolha de Israel, mesmo não sendo todos para a salvação, é o princípio eterno de como Deus salva o pecador, (Dt 7:6-11). Sociológicamente falando, por que Deus não usou de misericórdia para com os outros povos, dando-lhe uma oportunidade para a salvação deles também, se todos eles eram pagãos? Exatamente porque desde o princípio Deus não planejou salvar a todos, e sim a alguns. Israel representa o pecador eleito dentre tantos outros. Outros textos que provam essa verdade está em Dt 10:15; 4:10.


A REPROVAÇÃO


Se encontramos a eleição no período mosaico, obigatoriamente temos de reconhecer a reprovação.
O endurecimento de Faraó e os egípcios são apresentados por Paulo como o princípio da reprovação de Deus, (Rm 9:14-18). A expressão “endurecer” aparece nove vezes em Êxodo (4:21; 7:3; 9:12; 10:20,27: 11:10; 4, 8, 14, 17), e ela é tratada por Paulo como sendo um ato de justiça de Deus, como punição pelos pecados de Faraó.
O ensino da eleição e reprovação está claramente ensinado na morte dos primogênitos egípcios. Deus, graciosamente providenciou um cordeiro para os primogênitos dos israelitas, enquanto deixava os primogênitos egípcios sem a cobertura do sangue, (Ex 12:12). Os eleitos são graciosamente poupados do justo julgamento por causa da morte expiatória do Cordeiro, enquanto os reprovados são punidos por causa de seus pecados.


3. EXPIAÇÃO DEFINIDA


O princípio da expiação limitada está no fato de que todo sacrifício no sistema levítico era feito em prol de um indivíduo ou do povo. Não havia no sistema levítico de sacrifício nenhum conceito de sacrifíco universal em prol do mundo inteiro. Os textos-prova da expiação limitada são: Lv 16:15, 17, 20-22, 24, 34. Ao lermos todos estes textos, teremos de chegar a conclusão que os sacrifícios expiatórios do Velho Testamento eram definidos em seu propósito. Se Jesus é considerado pelos autores do Novo Testamento como “cordeiro de Deus”, e Cristo é o antítipo do cordeiro do Velho Testamento, então, o caráter de seu sacrifício também é definido em propósito.
Uma outra prova da expiação limitada no período mosaico é fato de que o sumo sacerdote levava sobre seus ombros os nomes das tribos de Israel. Assim, todas as vezes que ele entrava no santuário, ele levava consigo os nomes daqueles pelos quais era feito o serviço de expiação, Ex 28:12; 28:29). Podemos compreender a que figura isto referia-se quando lemos as palavras de Jesus em Jo 17:9,19 e compare com Jo 6:36,,37,39,44,64,65. Jesus, o Cordeiro de Deus, morreu exatamente no dia da expiação e no dia da páscoa. Ele cumpriu aquilo que ainda era visto de maneira embrionariamente.
Um outro detalhe do sacrifício mosaico era que ele cumpriu aquilo para o que foi designado. Ninguém pode afirmar que os sacrifícios do sistema levítico era uma oferta em potencial(como dizem os arminianos acerca da morte de Cristo) . Sem sacrifício não haveria relação com Jeová, ao contrário, apenas morte e destruição. O sangue do cordeiro nas portas dos israelitas não ofereceu uma possibilidade do anjo poupar os primogênitos e eles serem salvos, mas, de fato, foi eficaz no propósito para o qual havia sido determinado.

4. GRAÇA EFICAZ


Devemos nos lembrar que o Pentateuco não está lidando com a salvação individual, mas com a salvação de Israel. Mas é na descrição da salvação de Israel do Egito que é feita a pregação da nossa salvação. Todos os princípios soteriológicos ensinados na Nova Aliança estão claramente demonstrado na história de Israel. O ensino da graça eficaz está claramente ensinado no pentateuco nos seguintes fatos.
Moisés compreende a obra de libertação dos israelitas como sendo uma obra eficaz de Deus, (Ex 14:13; 15:2; Dt 7:8).
Já vimos o fato da depravação total ser algo fortemente presente na vida daquele povo. Isto colabora para entendermos as palavras de Israel em Ex 14:11-12. Não houve nenhuma intenção de Israel de sair do Egito. Tudo foi obra de Deus.
Israel não saiu do Egito porque quis, Israel foi expulso, e ainda assim foram apressados pelos egípcios e ainda despojaram os egípcios, (Ex 12:30-36). Na verdade, a obra total da salvação de Israel foi operada por Deus: o endurecimento de Faraó, a abertura do mar vermelho, o afogamento dos egípcios, etc., (Ex 15:1; Ex 20:2;). A verdade é que Israel nunca tomou iniciativa em direção a sua salvação, pois tudo foi obra de Deus. Nada aconteceu na vida dos israelitas que não tenha tido a mão de Deus.
Isto significaria que Deus nada ordena aos pecadores por causa da sua graça eficaz? Absolutamente não! Deus ordenou ao povo que atravessasse o mar, mas foi Ele quem abriu-lhe o caminho. Muitas ordens foram dadas a Israel que eles não podiam cumprir, mas era o próprio Deus que os capacitava a cumprir. A mesma coisa acontece quando Deus ordena aos homens que creiam. Mesmo sem poderem crer, ainda assim Deus os ordena à fé. Deus assim o faz para que fique provado que o homem nada pode fazer. Em tudo ele depende da graça.


5. PERSEVERANÇA DOS SANTOS


A prova da perseverança dos santos é a própria vida de Moisés, que apesar de não ser perfeito, perseverou em obediência (não obediência perfeita) e andou com Deus. Foi considerado “o homem de Deus” (Dt 33:1) e “Moisés meu servo”, (Js 1:2). Josué e Calebe foram reconhecidos pela fé e obediência a Deus. Sem duvida, muitos israelitas dentre aquela multidão permaneceram firmes na fé e obediência a Deus.
O período Mosaico é caracterizado pela ênfase na observância da lei do pacto. Vejamos o que diz Ex 19:5-6. Neste texto, Deus não está estabelecendo uma maneira pela qual os israelitas se tornariam seu povo. Deus estava estabelecendo uma maneira pela qual Israel deveria manter sua posição de povo do pacto. Deus os havia salvado da escravidão, e agora, Ele estava dizendo como eles deveriam viver como Seu povo. Esta foi a finalidade da Lei: dizer aos crentes como eles devem viver com Deus. Ela nunca foi dada como caminho de salvação, o que foi uma perversão dos fariseus, judeus incrédulos. É assim que devemos ver a Lei do pacto sinaítico: como o pacto da graça e não de obras.
Notemos que as provisões da Lei são para o relacionamento e aproximação do pecador com Deus. É a isso que tanto o tabernáculo quanto o templo estavam destinados. A verdade é que a Lei foi dada depois da salvação, e não antes. Significa isto que a Lei não é ordenada aos incrédulos? Não. Deus ordena a todos os homens as mesmas coisas. Com uma única diferença: Aos eleitos Deus providencia uma maneira de satisfazer a própria Lei em lugar deles: Cristo.
A perseverança dos santos era mantida eficazmente pela provisão do holocausto contínuo e das ofertas contínuas, (Ex 29: 38-46; Lv 6:8-13). A idéia ensinada nas ofertas contínuas é que há necessidade de um sacrifício de eficácia contínua para pecadores. Essa é a mesma obra de Cristo: ele não resolveu apenas o problema da nossa transgressão em Adão, mas também os nossos pecados de todos os dias, (I Jo 2:1-3). Por que havia necessidade de sacrifícios contínuos e do dia da expiação além dos sacrifícios que os israelitas já ofereciam pelos seus próprios pecados? Era exatamente porque eles não tinham condições de oferecer um sacrifício para cada pecado. A oferta por um pecado não significava salvação, mas perdão daquele pecado. Mesmo assim, cada israelita tinha multidão de outros pecados pelos quais nunca teriam condições de fazer expiação. Eles teriam que estar continuamente debaixo do sangue. E isso é exatamente o que Cristo fez. Além de nos salvar, ele ainda nos mantém salvos, pois tanto nossa trangressão em Adão quanto nossos pecados atuais são “engolidos pelo abismo da justiça de Cristo”(Lutero).



Rev. Moisés Bezerril

2 comentários:

  1. Alexandre Pereira Rodrigues17 de junho de 2009 às 08:54

    Já ouvia falar dessa doutrina e não entendia, agora começo a entender, mas ainda tenho muitas duvidas, vou olhar os sites que vocês indicaram. Meu nome é Alexandre e sou batista tambem, aqui não pensamos assim, mas estou confuso e quero saber, pois só ha uma verdade.

    ResponderExcluir
  2. atualizem esse site. ja visitei varias vezes e so vejo isso.

    ResponderExcluir