quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A Universalidade do Pecado

Este é o resumo de um sermão faz parte de uma série de exposição na primeira carta do apóstolo João e está disponível em áudio gratuitamente. Se desejar receber o áudio, solicite-o através deste blog postando um comentário.

"Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós" (1 João 1.8).

Há um fato que não se pode esconder. Não há presídios o suficiente para todos os criminosos que existem. Todos os dias nos deparamos nas páginas dos jornais com os mais terríveis crimes. A taxa de criminalidade vem crescendo assustadoramente. O Poder Judiciário é insuficiente e falho. Todos os dias milhões e milhões de delitos são cometidos no mundo todo. O que é mais grave, é que os homens que são colocados em posição de autoridade, e que deviam combater a criminalidade, estão tão culpados quanto os outros. Existe corrupção na polícia, no poder judiciário, onde muitos dos juízes são os verdadeiros bandidos. Na política, os homens responsáveis por elaborarem as leis, não as obedecem, por se acharem acima dela. Homens de terno e gravata são os que tem cometido os crimes mais vergonhosos em nossa pátria.

O Ensino que João estava combatendo era peçonhento e enganador. Primeiro, os falsos mestres alegavam que o pecado não apartava o homem de Deus, ou seja, mesmo estando vivendo em pecado, a comunhão com Deus era mantida (1Jo 1.6-7). Parecia pelo menos haver um entendimento de que o pecado era algo real, apesar de não afetar em nada a nossa comunhão com Deus. Mas, o gnósticismo parecia mesmo ensinar que o pecado poderia ser completamente erradicado do homem através do conhecimento secreto (gnosis). O homem poderia, depois de ter adquirido o conhecimento secreto, não mais ter pecado, ou não mais pecar. (1Jo 1.8)

1 – O PECADO NÃO PODE SER ERRADICADO
Mais uma vez, João começa com a expressão “se dissermos”, o que parece indicar o sistema de doutrinas ensinadas pelos falsos mestres. E isto era exatamente o que eles estavam disseminando dentro da igreja. Primeiro, que o pecado pode ser erradicado, extirpado. Todo homem que recebesse o ensino gnóstico não mais seria pecador, no sentido de ter pecado. Seria um ser superior, incapaz de pecar, limpo. Na realidade, o que parece estar sendo ensinado era que o homem após obter o conhecimento secreto deixaria de ter uma natureza pecaminosa, visto que pecamos porque somos inclinados ao pecado, justamente por termos uma natureza pecaminosa. O gnosticismo ensinava que os seus seguidores já haviam alcançado um estado de perfeição moral tão grande, que já eram capazes de viver sem pecar. O pecado não mais era algo na vida deles. Essa concepção tornava o homem superior a Adão. Visto que Adão, antes da queda, não tinha ainda a natureza pecaminosa, mais ainda assim, poderia cair em pecado, como de fato foi o que aconteceu. O homem que obtivesse esse conhecimento secreto daria um salto monstruoso em relação aos outros homens. Seria o homem aperfeiçoado e incapaz de pecar. O gnóstico estaria no mesmo estado moral que estaremos na glória eterna. Ainda mais pretensiosa é a idéia de que o homem gnóstico seria igual a Jesus Cristo, incapaz de cometer qualquer pecado. Nem por palavras , atos ou mesmo pensamentos. Se as palavras de João “Se dissermos que NÃO TEMOS PECADO” realmente indica que este era o ensino provindo dos falsos mestres, fica clara a urgência de se combater essa heresia naquela época. Ela trazia uma condição falsa ao homem.

NÃO EXISTE PECADO
Por outro lado, pode se cogitar também a idéia da completa inexistência de pecado, ou seja, o pecado não existe. Apesar de ser uma idéia bem disseminada nos nossos dias, ela é falsa e anti-bíblica. Freud, o pai da psicanálise, defendia essa idéia. Para ele o pecado não existia. Ouço muitos afirmarem por aí, que o pecado não existe. Esse é um ensinamento comum e corriqueiro. Acreditar na existência do pecado é ser taxado de fanático religioso ou ignorante. Mas, todas as afirmações bíblicas nos levam a ver a realidade do pecado em nossas vidas. Uma realidade que pode ser trágica para o homem. O pecado traz conseqüências eternas. Pode levar o homem a condenação certa e sem direito a uma segunda chance. O pecado nos afasta cada vez mais de Deus, nos leva a lugares sombrios, faz com que pensemos no que não deveríamos pensar. O pecado é como um vício, que mais cedo ou mais tarde, trará o resultado de sua prática corriqueira, a morte. Muitos filósofos e psicólogos tem sido responsáveis por essa idéia da não existência do pecado. Pobres tolos, não sabem que estão tão afogados em pecados, que nem mais podem reconhecê-los. Outros tem dito: “o que muitos dizem ser pecado, nós dizemos ser apenas falta de uma boa educação”. Esses são os defensores da idéia de que se peca por não sermos bem instruídos, como se a boa educação fosse capaz de vencer a natureza pecaminosa que temos. Quantos são os pecados cometidos por professores universitários, com doutorado e outros títulos do saber? Por ventura esses homens não pecam? Crimes tem sido cometidos por eles, tantos quanto o analfabeto comete. Somente Jesus Cristo pode vencer o pecado. Somente ele pode nos purificar de todo pecado.

NÃO EXISTE PECADO, AGORA
Há também a sugestão de que os gnósticos estavam afirmando que não existe pecado agora, depois de o homem ter recebido o conhecimento secreto. Eles tinham pecado no passado, agora, não tem mais pecado. Quando tinham recebido simplesmente o evangelho, eles ainda eram pecadores. Embora, como temos visto, eles entendessem que o que é material é desprovido de qualquer valor, pelo contrário, era algo mal. No entanto, o espírito, por ser espiritual, era bom. Nesse ponto, se esse fosse o ensino gnóstico, o poder desse conhecimento adquirido, era superior ao poder do sangue de Jesus. Pois, visto que todo cristão sabe que é um pecador, e o será enquanto estiver vivendo na terra. Com essa base, sabemos que somos salvos pela fé em Cristo, e que pela fé, nossos pecados são perdoados, mas isso não quer dizer que nós não pecamos mais. O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado, indica que, todos os pecados que cometemos na passado, no presente e no futuro, são PERDOADOS, mas permanece o fato de que AINDA PECAMOS.

AS CONSEQUENCIAS DO ERRO
Embora não possamos com precisão identificar o significado exato dessa doutrina que João estava combatendo, sabemos que a afirmação implica na ausência de pecado. Seja por erradicação, seja por ele mesmo nunca ter existido, ou seja por ele desaparecer completamente por algum tempo, o fato que qualquer dessas afirmações nos colocam em uma situação contrária a Palavra de Deus.
1 – A primeira conseqüência é o fato de estarmos nos enganando. Não estamos simplesmente sendo enganados por darmos credito ao falso ensino, também estamos nos enganando a nós mesmos. Existe no homem uma tremenda consciência de culpa quando ele erra. Essa consciência está presente em todos os homens, pois ela é a própria lei de Deus escrita em nossos corações. Paulo disse: “Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram A NORMA DA LEI GRAVADA EM SEU CORAÇÃO, testemunhando-lhes também a CONSCIÊNCIA e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se” (Rm 2.14,15). Eram chamados gentios todos as pessoas que não eram judeus, ou seja, todas as outras nações, exceto a nação de Israel. Paulo está dizendo que a Lei nunca foi revelada a eles, mas que eles a tinham gravada em seus corações. A consciência de um cristão é muito maior, visto que o Espírito do Senhor estar com ele. O Espírito Santo nos ilumina e nos dá entendimento e faz com que reconheçamos os nossos pecados. O Cristão, além de ter a lei escrita no seu coração, de ter a sua consciência acusando-o, o que já seria o suficiente diante de Deus, ele também tem a Lei escrita, a própria Palavra de Deus, que o exorta e ensina o caminho em que deve andar. Por tanto, quer crentes, quer descrentes, quando a realidade do pecado no homem é retirada, o homem engana-se a si mesmo.

2 – A outra conseqüência é que quem pensa assim não está com a verdade. A verdade não se faz presente em sua vida. Ele é um homem que vive em meio a uma mentira, ele é um mentiroso, um pobre mentiroso. Se a verdade estivesse nele, a primeira coisa que ele faria, seria reconhecer a sua culpa diante de Deus. Reconhecer que é um pecador. O homem cuja verdade se faz presente em sua vida reconhece a seriedade do pecado, ele tem um grande senso de culpa. No dia 8 de julho de 1741, quando Jonathan Edwards, pregou em sua igreja o célebre sermão intitulado “pecadores nas mãos de um Deus irado”, homens e mulheres foram despertados de seus pecados. Este sermão foi pregado quando, nos Estados Unidos, um grande despertamento espiritual estava acontecendo. Quase todos que ouviram esse sermão dizem que tamanho foi o poder de Deus, que quando Jonathas Edwards pregava, muitos eram os homens e mulheres que choravam e gritavam. Um grande sentimento de pecaminosidade envolveu todos eles. Homens se agarravam nas colunas da igreja, clamando pelo perdão de Deus. Irmãos, quando Deus age com o seu poder, ele faz com que o homem perceba o seu terrível estado. O grande despertamento nos Estados Unidos levou muitos aos pés do salvador Jesus, pois eles foram cheios da verdade, e essa verdade os levou a um profundo sentimento de angustia, por serem todos pecadores. Esse sentimento os levava a confessarem os seus pecados a Deus.

APLICAÇÃO
1 - Devemos dia a dia, admitir a realidade do pecado em nossas vidas. Reconhecermos que o pecado é tão grave, que ele levou Jesus a morrer na cruz do calvário. Ele carregou os nossos pecados, ele foi punido pelos nossos pecados.

2 – Mas não só admitir que somos pecadores é o suficiente. Nós também não devemos negligenciá-lo. Não devemos pecar na certeza de que Deus vai nos perdoar. Isso só revelaria que somente temos um conhecimento puramente racional de Deus. Isso demonstraria que ainda não provamos a salvação, pois aquele que foi resgatado e teve seus pecados perdoados, não pode viver pecando. Ele busca a santidade não a devassidão.

3 – Não despreze aqueles pecados que parecem sem importância, ou aqueles que parecem ser pequenos. Eles podem levar a sua alma a se perder eternamente no inferno. Pecado é pecado. Jesus morreu para redimi-lo de todos eles, dos grandes e dos pequenos, visto que ambos são fatais.

Toda a corrupção vista nos homens de todas as nações, tanto os homens letrados como os analfabetos é o pecado. O problema do mundo chama-se pecado! A solução para esse problema chama-se Jesus Cristo. Ele, e somente ele, é a propiciação pelos nossos pecados.

Marcus Paixão
Sermão pregado na capela da Congregação Batista Nova Jerusalém, no dia do Senhor (04/03/07).

Nenhum comentário:

Postar um comentário